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Tecido Acrobático e Superação!

O Tecido acrobático, como outros esportes, ajuda na superação de dificuldades físicas e emocionais!

Conheça histórias fortes e inspiradoras e pessoas que passaram por essa experiência.

Desde que comecei a falar um pouco das minha impressões sobre o tecido acrobático, suas dificuldades, seu lado bom, as coisas engraçadas que acontecem, eu recebo comentários de pessoas que também tem a mesma opinião. Todo mundo sabe que tanto a arte quanto o esporte são poderosas ferramentas de transformação na vida das pessoas. E olha que curioso: o tecido é um pouco dos dois!

E então eu pensei: Com certeza existem pessoas por aí que passaram ou estão passando por dificuldades e que encontram no tecido uma fonte que as move profundamente fazendo-as se superarem. E nesse primeiro post de 2018, trago para vocês algumas histórias inspiradoras que recebi <3

 

Andrew: problemas com ansiedade e depressão por conta do estresse de trabalho + faculdade

 

Cobranças e pressão na vida profissionais o levou a detectar uma gastrite nervosa no fim de 2010. Por trabalhar com a lógica e imaginação, não podia tomar calmantes e recomendaram que ele encontrasse um hobby para relaxar e cansar o corpo. Então ele começou a fazer várias atividades na busca desse “hobby perfeito”. Desde levantamento de peso, corrida, pole dance e até arco e flecha. Mas nada disso realmente flechava seu coração.
Em 2012, Andrew conheceu o tecido acrobático e começou a fazer aulas, mas a escola era focada em treino pesado e competitividade. Por sempre ter sido sedentário, tinha dificuldades e se sentia ainda pior, o que o fez largar as aulas.
Em 2014 ele encontrou um novo espaço com uma metodologia mais fluida, interna, sem muitas cobranças e desde então sua vida mudou. Ali, ele teve a oportunidade de se desenvolver a até a dar aulas e ajudar outras pessoas através do tecido. A atividade o ajudava a tirar os pensamentos ruins, aumentar a auto confiança e auto estima.

Em 2015 Andrew saiu deste trabalho para se dedicar mais aos estudos e ter mais tempo para praticar tecido acrobático. No final de 2016 recebeu uma proposta para ir para Portugal e junto com sua professora (que se tornou uma grande amiga), encontraram o Instituto Nacional de Artes do Circo (INAC), onde ele fez audições para um curso profissional de Circo Contemporâneo e foi aprovado!!!!
Hoje, Andrew está terminando o primeiro trimestre desse curso, com a maior felicidade do mundo! Ele vai estudar a fundo o tecido acrobático por mais 2 anos e voltará ao Brasil para espalhar mais e mais essa arte que mudou sua vida.

 

Iri: “Meu sentimento pela prática do tecido pode ser definido com a palavra: GRATIDÃO”

 

Iri mora no Acre. O Acre, como todos sabem, é um estado distante dos chamados grandes centros, onde tudo acontece. Mas por incrível que pareça, ele também praticam tecido acrobático! A Iri conheceu a prática através da postagem de uma amiga e se apaixonou à primeira vista (que nunca, não é mesmo). Iri começou aos 38 anos (bem vinda ao clube das “veínhas”. Eu comecei com 27 e já achava que estava velha pra isso. Vai vendo…) Hoje, Iri está com 40 e dá aulas de tecido em sua cidade. O tecido acrobático a ajuda a manter o peso, definiu seu corpo e sobretudo age como uma terapia. “Quando estou lá em cima, me liberto de pensamentos intrusos, paranoias se vão e me purifico, sabe…”. “Também associei meus treinos à yoga, que se tornou outra paixão”. Uma sagitariana de 40 anos que nunca se sentiu tão em forma por dentro e por fora.

 

Alessandra: “Não perco por nada minhas aulas. Mesmo quando cansada, desanimada, triste até, insisto e vou pra aula. Sempre vou embora melhor do que entrei”

Então conheça agora a Alessandra, de Brasília. Ela tem 45 anos e pratica tecido acrobático há um ano e uns dois meses mais ou menos. A primeira vez que viu uma apresentação, Alessandra se apaixonou.
Ela sempre gostou de esportes e até os 18 anos praticou de tudo um pouco, mas não levava nada muito a sério ou por muito tempo. Ballet, natação, kung fu, capoeira, vôlei, basquete… quando chegou o vestibular, ela acabou deixando as atividades físicas em segundo plano. Entrou pra faculdade, casou cedo, teve filho com 20 anos. Deixou os exercícios de lado dos 18 até aproximadamente os 30 anos, quando entrou na academia, mesmo não gostando. Com 30 e muitos ela resolveu fazer ballet para adultos, mas com os horários cruéis do trabalho, não conseguia ser assídua como gostaria. Então a vida a levou a parar novamente, durante uma fase difícil de muito estresse no trabalho, depressão, falta de motivação…
“Estava doida pra voltar a praticar qualquer coisa, tentei várias: voltar pra capoeira, nadar, remar, mas nada me segurava muito tempo. A motivação não era o bastante. Nessa época assisti uma apresentação de Tecido Acrobático. Não lembro bem onde foi, mas fiquei encantada! Não conseguia tirar da cabeça”.
Alessandra ficou um tempão procurando um local com horários compatíveis com o seus até que encontrou um curso de verão, onde aprendeu um monte de coisas. “Em Setembro passeando com meus cães, encontrei um folheto no chão de uma escola de acrobacias aéreas aqui pertinho de casa. Nem acreditei! Tinha acabado de abrir. E a professora que tinha me dado aula na outra academia estava lá! Fiz matrícula sem nem pensar.” (ahhhhhhhhh o destino agindo aí).
“A prática é um desafio para mim. Não sou alongada, e para pessoas de mais idade o resultado é muito mais lento, sei disso. Não me importo. Tenho também um pouco de medo de me machucar, mas só porque assim como o alongamento demora, a recuperação de uma lesão, pra mim, também não é fácil. Mas tomo cuidado, estou sempre atenta.” (te entendo migs)

Marina: “Muitas pessoas pensam que tanto a ansiedade, mas principalmente a depressão só te fazem chorar e ficar triste, mas não é assim, ambas as doenças tiram sua vontade de fazer as coisas, até mesmo o que mais gosta, e isso te deixa para baixo”

Marina tem 15 aninhos e mora em Campinas, interior de São Paulo. Começou a praticar tecido acrobático em 2015, com 13 anos (aiii geeente). Ela já tinha feito natação, violão, ballet, hip hop e jazz, mas nenhuma dessas atividades mexeu com seu coração. Já na aula experimental de tecido, se apaixonou. Nos 2 primeiros mesas, ela conta que teve muita dificuldade, tanto com os movimentos quanto com o subir no tecido em si.
Mesmo com as dificuldades, Marina fez sua primeira apresentação. No ensaio as coisas davam errado e ela se sentia envergonhada por não conseguir fazer “o básico”. Com a ajuda do professor e os ensaios, deu tudo certo. Daí pra frente, foi só evolução. Nesse ano, ela realizou “todos os sonhos de coreografia no tecido”, quando sua professora colocou sua queda favorita (uma e meia / desenrolada) na sua sequencia.
Mais ou menos um mês antes de sua apresentação, Marina descobriu que estava com transtorno de ansiedade e depressão, o que a deixou muito abalada.

E foi o que aconteceu. Ela começou a deixar coisas que gostava de lado, seja ir a uma festa, dançar na festa junina da escola ou até mesmo fazer uma viagem com a classe.
“Mas no meio de tudo isso teve uma coisa que eu realmente não me permiti desistir. Eu falei para mim mesma que eu podia deixar tudo de lado, mas o tecido, nunca. Mesmo tendo ataques de ansiedade até durante as aulas, quando eu estava no tecido eu não sentia nada. Não sentia a agonia, o nervosismo, a tristeza, ou até mesmo os problemas. Tudo que eu estava fazendo só dependia de mim, e sempre que eu subia, o quanto fosse, ou fizesse diferentes movimentos, sempre foi como se eu estivesse voando, e em certas vezes eu nem percebia que fazia o movimento, porquê sempre me senti tão bem fazendo aquilo”.
Marina estava fazendo tratamento e na semana da apresentação, teve várias crises de labirintite. Ao conversar com sua professora, deciciu não se apresentar. No dia da apresentação, ela foi assistir sua irmã. E foi uma dor no coração. Ela queria muito estar lá e poder mostrar sua evolução, fruto de todo seu esforço. “Até que na semana seguinte, decidi pedir para a professora para que eu pudesse apresentar no 2º dia de apresentações, e ela disse que tudo bem, e por sorte consegui ensaiar minha coreografia um dia antes da apresentação, já que tinha aula no dia e tinha ficado quase 2 semanas sem treinar, e realmente, no ensaio tudo saiu ótimo, todas as quedas saíram bonitas, com ponta de pé e no tempo da música . No dia seguinte me apresentei e assim como no ensaio tudo deu certo, e o mais estranho disso foi que nos dois anos anteriores eu sempre estava morrendo de medo na hora de me apresentar, mas nesse eu estava extremamente calma, mesmo tendo tantos problemas logo antes do grande dia, e é realmente incrível se sentir seguro consigo mesmo e com o que você pode fazer”.

“Para mim, o tecido é uma inspiração, uma paixão, algo que eu nunca abrirei mão, porque não é apenas um passa tempo ou um esporte, é a forma como eu consigo me conectar comigo mesma, e estar em total paz. Foi no tecido que me segurei quando estava prestes a desmoronar e não me permiti soltar, o que me trouxe até onde estou hoje, junto ao orgulho que tenho do que faço. E assim como foi minha experiência no tecido, espero que esta arte possa ser a ajudar e ser a paixão de muitas mais pessoas, porque é simplesmente algo maravilhoso!”

 

Alguns de vocês devem conhecer a Erin. O instagram dela foi um dos que eu conheci logo que criei a conta do Akroholic no instagram. Sempre a admirei, por ver as coisas que ela faz no tecido, mesmo tendo as pernas amputadas. Sim, foi isso mesmo que você leu. E agora, com esse post especial que estou escrevendo, tive a oportunidade de conhecer sua história.

 

Erin: “Aprendi a caminhar sobre as pernas de prótese enquanto eu aprendia a voar”

photo by Craig Meschino

Erin Ball é canadense e mora em Ontário. Entrou no circo há mais de 10 anos. Começou com acrobalance e lira e depois descobriu os outros aparelhos aéreos. Erin se apaixonou pelo trapézio estático e encontrou seu caminho no tecido acrobático. Alguns anos depois começou a dar aulas e abriu um studio. Treinar e ensinar foi o que ela fez a maior parte da sua vida. Ela também se apresentava.
Em março de 2014, Erin passeava em uma floresta no Canadá. Estava cheio de neve e seus pés ficaram molhados. Ela não percebeu o quão rápido o congelamento poderia acontecer. Ela sentou por um tempo com os pés molhados e eles ficaram completamente dormentes. Quando tentou se levantar, não conseguia andar. Erin tentou rastejar para fora da floresta e se perdeu. Ficou inconsciente e passou 6 dias (SEIS DIAS) até ser encontrada por um cão policial e ser resgatada de helicóptero pelos bombeiros. A temperatura do seu corpo era de 19 graus (normalmente temos 36, 37 graus) e não sabiam se ela sobreviveria. Ela sobreviveu, recuperou sua consciência, mas ainda não sentia os pés. Ela não queria amputá-los e eles foram ficando cada vez piores. Ela estava confusa. Em junho de 2014, ela precisou ter as pernas amputadas, cerca de 8 centímetros abaixo dos joelhos. Sua depressão piorou e Erin tentou suicídio. Ela tinha certeza que não seria capaz de fazer circo, então não queria mais viver. Erin ficou no hospital até fevereiro de 2015, com tratamentos médicos e psiquiátricos. Ela não tinha mais esperanças e não sabiam mais o que fazer.
Com o passar do tempo e de passar por todo aquele sofrimento, Erin decidiu viver. “Para mim, a vida inclui o movimento e acima de tudo, o circo. Eu não conhecia ninguém que tivesse seus membros amputados e fizesse circo. Mas não importava, eu estava decidida. (Eventualmente encontrei outras pessoas que estavam fazendo isso também.)”

photo by Tim Miller

“Aprendi a caminhar sobre as pernas de prótese enquanto eu aprendia a voar. Eu me atraí muito mais pelo tecido acrobático do que pelo trapézio por várias razões; Eu estava treinando em um espaço com tetos baixos e, mais importante, era mais fácil usar o tecido que envolvia meu corpo em vez de tentar movimentar meu corpo em torno de uma barra que não mover. Eu ainda tinha algumas habilidades no trapézio, mas algumas delas simplesmente não funcionavam. O tecido, porém, me permitiu fazer muita coisa. Eu posso fazer a maioria das coisas que eu costumava fazer no tecido e muito mais. Encontrar formas diferentes ou caminhos diferentes me permitiu desenvolver muitos movimento interessantes e criativos no tecido.
O treinamento me ajudou a encontrar um estado de espírito mais equilibrado. Isso me deu uma razão para continuar. Eu estabeleceria objetivos e trabalharia duro para alcançá-los. Eu estava em uma cama de hospital por quase um ano e todas as minhas forças haviam desaparecido. Eu estava recomeçando e vendo o progresso e isso me mostrou que era possível me continuar progredindo. Eventualmente, comecei a explorar os usos criativos para minhas próteses de pernas e diferentes anexos das pernas. Comecei a me apresentar de novo. Utilizei canhões de confete como anexos de perna, coloquei luzes nas pernas, fiz todos os tipos de terror e cenas de tipos de tipos, fotos etc. Encontrei o lado ridículo e bem-humorado da situação, o que mantém as coisas claras e divertidas. Eu fiz muitas conexões e amigos valiosos através da comunidade de circo. Sendo parte da comunidade, treinando e me apresentando, ganhei muito mais do que jamais poderia colocar em palavras”.

“Hoje, além de me apresentar, estou transmitindo o que descobri a outros amputados e professores que trabalham com amputados. Eu acredito que o circo pode fazer tanto por tantas pessoas. Que honra poder compartilhar meu conhecimento com os outros”.

 

Soni: “Agora estou embarcando numa nova jornada onde ensino “tecido adaptado” para que outras pessoas com deficiências e lesões possam experimentar a confiança que o aéreo me deu”

Photo by David Orlando

E esta é Soni Razdan, ela tem 21 anos e uma fusão espinal completa. Ela começou a praticar tecido aos 18 anos e depois trapézio, lira, sling, corda e straps.

“Eu nasci com escoliose severa de dupla curvatura (curvatura espinhal) e precisei fazer uma cirurgia corretiva quando eu estava no ensino médio. Antes disso, eu dançava e cavalgava – eu conhecia o tecido acrobático, mas nunca pensei em experimentá-lo. Comecei a praticar tecido um ano depois. Ficar de cabeça para baixo fez bem às minhas costas, fortaleceu meus músculos e abriu um mundo totalmente novo artisticamente. Em 2016, minha fusão vertebral quebrou e eu tive uma segunda cirurgia para substituir o hardware (varas e parafusos). Ocorreram muitas complicações com essa cirurgia, incluindo infecções e um ataque de depressão. A vontade de voltar a voar foi o que me fez passar por um dos momentos mais difíceis da minha vida. Definir objetivos para a prática dos aéreos, como ficar forte o suficiente para retornar e desenvolver diferentes habilidades, me ajudou a recuperar fisicamente e mentalmente até o ponto em que eu quase voltei para onde eu estava antes da segunda cirurgia. Na verdade, eu chorei na primeira vez que voltei ao tecido acrobático”.

Mel: “Quando me apresentava, eu dizia “eu era dançarina…”. Esta foi minha vida por quase uma década. Havia tanto “eu gostaria tanto de poder fazer isso ou aquilo…”. Então, um dia, eu deixei de explicar por que não conseguiria fazer coisas, e eu apenas comecei a dizer SIM”.

Alguns anos atrás, Mel Stevens sofreu uma lesão na medula espinhal ao dar à luz ao seu filho mais novo, o que resultou em uma paralisia parcial. Durante anos, ela se esforçou para se readaptar à sociedade e voltar ao emprego. Ela era dançarina e modelo. Ela se reinventou (trabalhando como Health and Social Care trainer), mas não estava feliz. Ela teve distrofia muscular, ganhou peso e o cansaço dominava sua vida.

As vezes ela nem sabia para o que estava dizendo “sim”, mas sabia que seria muito mais divertido do que se ela dissesse “não”. O primeiro ‘Sim’ veio em junho de 2012, quando  pediram para ela realizar um evento aéreo para uma empresa chamada ‘Graeae’. Ela achou que seria algo relacionado a drones … Mas não era isso, mas ela achou maravilhoso entrar no desconhecido. O fato é que ela seria suspensa por um guindasta, a 30 metros acima da casa da Rainha Elizabeth, em Londres, como parte de um trabalho para promover os jogos paraolímpicos, junto com outras 41 pessoas, a maioria com deficiências físicas, cada um deles, únicos. Isso aconteceu há 4 anos atrás.
Desde então, Mel se tornou instrutora profissional de aéreos com qualificação para trabalhar com a ancoragem desses aparelhos, se apresentou internacionalmente como solista, trabalhou com alguns dos maiores e mais pioneiros circos do mundo. Além de ter ciado sua própria empresa, a ‘Aim To Fly UK’, formou-se na escola Circus – Circomedia com muito conhecimento de desempenho.

Mel Stevens, já deu até entrevista para a BB News UK explicando como tudo aconteceu. Aqui tem um vídeo sobre o seu projeto “AIM TO FLY”. Seu blog é cheio de textos e relatos.

 

Espero que esses relatos inspiradores ajudem outras pessoas a superarem momentos difíceis e a acreditarem sempre em si. Eu quero agradecer, do fundo do meu coração, a todos que se dispuseram a falar de suas dificuldades para participar deste post.

Uma das coisas mais incríveis que o Akroholic me deu foi a oportunidade de conhecer pessoas de todos os tipos, de todas as partes do mundo, de saber um pouco de cada uma delas e de conhecer histórias tão incríveis e inspiradoras.

Nunca desista do que te faz bem, do que te alegra, te move, te joga para a frente. Seja gentil com os outros. Você não sabe sobre o caminho que eles estão percorrendo. Não esteja aqui para ser melhor que o outro. Esteja aqui para ser melhor para o outro.

Somos mais fortes juntos. Uns pelos outros.
Ubuntu! Eu sou porque nós somos!

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