Entrevista com Helder Vilela
Conheça o trabalho de Helder Vilela
Mais uma entrevista da nossa série com artistas circenses brasileiros. Acompanhe o trabalho do Helder no Instagram. Artista e professor de parada de mão, contorção, faixa aérea e mão a mão.
– Helder, como você conheceu o circo?
O circo conheço desde os 5 anos de idade, quando meu pai levou meu irmão e eu para assistirmos ao Circo Garcia, me lembro de ter ficado impressionado por ter visto pela primeira vez um elefante tão de perto, como eu era criança achava ele absurdamente gigante. Anos se passaram e fui ter contato novamente com o circo quando assisti a um espetáculo de um projeto Social em São Bernardo do Campo, fiquei tão entusiasmado e encantado que resolvi me inscrever no curso profissionalizante de circo que ali havia.
– Porque escolheu ser artista?
Na verdade não escolhi ser artista, este processo aconteceu naturalmente depois de um intenso e árduo curso que fiz na Escola Nacional de Circo no Rio de Janeiro, entrei na escola com a finalidade de ampliar meu conhecimento acadêmico para poder aplicá-lo nas aulas de Educação Física que eu ministrava nas escolas públicas e privadas onde eu trabalhava. E por um destino promissor, percebi que eu tinha uma grande aptidão e uma forte veia artística, assim resolvi me entregar e me permitir explorar como artista circense.
– Porque escolheu a contorção?
A contorção assim como o Circo para mim, aconteceu como um processo natural de experimentação, percebi que em grande parte das modalidades do circo a flexibilidade além de facilitar e auxiliar em alguns movimentos e truques, ela virtuosamente causa uma plasticidade e linda estética corporal. E por esse motivo, resolvi investir na modalidade já que meu corpo respondia bem.
– Quais são suas maiores inspirações profissionais?
Meus professores.
– Além da contorção, você trabalha com aparelhos? Quais?
Atualmente, além da Contorção ampliei mais meu leque de modalidades dentro do circo. Trabalho com parada de mãos onde uso um aparelho que dependendo da região pode mudar o nome (mão jota, canes, banquilha de parada de mãos, etc), mão a mão (técnica onde uma pessoa se equilibra em cima da outra utilizando em especial as mãos) e faixas aéreas.
– Que dicas você pode dar para quem quer se dedicar à contorção?
Procurar um profissional especializado na área, ter muita paciência pois é um processo demorado mesmo para aquelas pessoas que já possuem uma pré disposição genética à flexibilidade, ter muito cuidado e respeito com o corpo, pois é uma modalidade com alto risco de lesão e nunca desistir pois é uma modalidade maravilhosa e super conceituada no meio circense.
– Que trabalho você tem feito atualmente?
Atualmente com Contorção, faço muitos eventos corporativos e comerciais de TV, trabalho bastante com Mão a mão pois tenho uma Cia que se chama Duo Simetria onde fazemos espetáculos por todo o Brasil.
No próximo mês farei uma turnê pela Europa com meu ato de Aerial Straps (Faixas Aéreas) na Cia Cirque du Soleil.
– Qual é a melhor coisa de trabalhar com circo? E qual a coisa mais complicada?
Na minha opinião o melhor de se trabalhar com circo é saber que para muitas pessoas você é visto como um super herói ou algo tão grandioso quanto, também o fato de viajar muito e conhecer muitas pessoas, culturas e lugares.
E o mais complicado é ficar longe da família e dos amigos.
– Se não trabalhasse com circo, teria vontade de ter outra profissão?
Além do circo eu já tenho outra profissão, sou formado em Educação Física.
– O que você acha mais difícil dentro da contorção?
Dentro da contorção creio em termos de truque oque eu considero um dos mais difíceis são: O Triplefold ou Mochilinha (dependendo da região o nome muda) pois as pessoas que conseguem executá-lo em sua grande maioria tem frouxidão ligamentar (uma pré disposição genética à flexibilidade).
Também todos os truques de desloque (ombros, quadril, em geral membros superiores e inferiores) em termos de durabilidade e saúde física, pois como todos são movimentos anti-anatômicos o corpo se degrada muito mais rápido uma vez que feitos diariamente.
– Qual foi a coisa mais importante que o circo te ensinou?
Primeiramente a ser um artista e depois me ensinou a respeitar as diferenças entre as pessoas seja ela (classe social, raça, cultura, escolhas, etc) e também que podemos utilizar nosso dom para fazer as pessoas felizes.
– Se pudesse dar uma dica para alguém que queira se profissionalizar, qual seria?
Estude, se dedique, tenha paciência pois tudo tem seu tempo e tudo que vem rápido, vai embora rápido e antes de nada seja humilde SEMPRE!
Espero que tenha gostado da entrevista com Helder. Quer conhecer outros artistas brasileiros? Veja também a entrevista da Alessandra Fleury.